
Quais e desde quando as origens da Casa e Quinta de Sá (III)
Pedro Marques
2023-09-21Começando pela primeira fonte de pesquisa citada no artigo anterior, encontramos logo na primeira página: ” (…) Era D. Eduarda Catarina (isto nos finais da primeira metade do sec. XVIII) a representante da antiga Casa de Sá, cujas origens, envoltas em densa neblina – remontam embora à condessa Mumadona, a célebre fundadora do cenóbio e castelo vimaranense, que no sec. X a possuía juntamente com outros bens (…)”.
Aqui, e isto é informação nossa, nestes outros bens, teria estado a “Quinta da Cascalheira”. Repare-se, aqui, nestes pormenores de “antiga Casa de Sá” de “origens envoltas em densa neblina”, “remontam à condessa Mumadona”.
Numa outra fonte, lê-se o seguinte: “(…) Seu filho, o conde D. Gonçalo Hermenegildes doou a villa de Saa, junto com outros bens, ao mosteiro vimaranense como consta do inventário realizado em 1059 de todos os haveres daquele mosteiro.
“Pelas inquirições mandadas efectuar por D. Dinis em 1307, consta que Sá entrava nos bens do Couto por padrões de linhagem que D. Afonso II coutara a D. Martim Fernandes de Riba Vizela, chefe da famosa linhagem medieval dos Riba de Vizela e que foi governador de Lanhoso, Vermoim e Faria, alferes do rei D. Sancho I e, posteriormente, alcançou o importante cargo de Mordomo-Mor do rei D. Afonso II”.
“O que parece certo é ter esta villa de Saa passado ao património do mosteiro de Santa Marinha da Costa, talvez após a erecção da Colegiada de N. Senhora da Oliveira de Guimarães”.
“O que poderemos asseverar através da documentação a que tivemos acesso é que a antiga quintã de Saa se encontrava nos primórdios do séc. XVI dividida em três casais com a mesma denominação – o casal de Sá de cima; o casal de Sá do meio; e o casal de Sa do cabo”.
“Os primeiros emprazamentos destes casais (…) no velho tombo do convento da Costa, remontam ao ano de 1530. E aí nos aparece o mais remoto antepassado – documentalmente conhecido - desta casa. Chamava-se Jorge Anes de Sá e, segundo assevera o arquivo desta casa, alicerçado pela Chancelaria de D. João III, era fidalgo de cotta d’armas e teve carta de brasão de Sás em 20 de Dezembro de 1526”
“Pelas alianças matrimoniais subsequentes, entre os herdeiros dos vários casais de Sá, veio esta quinta a unir-se na globalidade nos meados do sec. XVII”.
Se consultarmos historial da freguesia de S.ta Eulália através das edições da revista do rancho folclórico desta freguesia, aqui nada aparece de novo. Por exemplo e de modo aleatório, das edições que temos em nosso poder, na página12 da revista de sete de Agosto de 1994, lê-se o seguinte: “(..) as inquirições de D. Dinis de 1307 dão-nos notícia da casa mais nobre de S.ta Eulália de Barrosas, Casa de Sá (,,,)”.
Isto, no âmbito da tipificação dos sítios envolventes da “Torre” nos domínios do “Couto da Água Levada” da paróquia “Ecclesie Sante Ovye de Barrosas, “já tão notável no sec. XIII(…)”. Desta vez estamo-nos a socorrer da informação do livro “Sás – Subsídios para uma Genealogia - onde o seu autor já citado no artigo anterior nos adverte do “início nebuloso” da linhagem dos Sás. E tendo começado pelo primeiro, foi pesquisando as gerações seguintes até ao começo do sec. XVI.
Encontrou o primeiro, de nome João Afonso de Sá “filho bastardo de Afonso Anes de Voeire, abade de Lousada e de Maria Peres, mulher solteira, o qual foi legitimado em três de Maio de 1315, pelo rei D. Dinis, do qual foi vassalo e cavaleiro, e já então senhor das quintas de Sá pelos motivos mencionados na carta de legitimação.
Do casamento deste João Afonso de Sá com Maria Martins, nasceram dois filhos – Rodrigo de Sá e Senhorinha Anes de Sá que casou com Aires do Vale e levou em dote a Quinta de Sá. E deste casamento houve uma filha única, de nome Beatriz Aires.
A título de curiosidade e porque temos família em Arouca e em Arouca nasceram dois dos três filhos que temos, esta Beatriz foi monja professa no convento daquela vila.
Com o abraço amigo de sempre.