Última Assembleia deste mandato marcada por despedida
Decorreu esta quarta-feira, 24 de setembro, a última sessão da Assembleia Municipal de Vizela relativa ao atual mandato autárquico. A reunião ficou marcada pela aprovação de várias propostas, por trocas de argumentos entre a oposição e o executivo, mas também por intervenções de balanço e despedida.
Na abertura da sessão, o presidente da Mesa da Assembleia Municipal, António Carvalho, apelou a que o debate não fosse transformado em palco eleitoral: “Chegámos todos a um consenso de que ninguém deveria aproveitar esta Assembleia como um campo de batalha ou de campanha. Peço que sejamos fiéis ao que fomos durante quatro anos, defendendo com orgulho a nossa Assembleia Municipal.”
Ainda antes da Ordem do Dia, a deputada Ana Catarina, da coligação Vizela é Para Todos (PSD/CDS/PP), fez uma intervenção em que enumerou aspetos negativos do mandato, acusando o executivo de “oportunidades perdidas” e de não cumprir promessas como o acesso à autoestrada, a requalificação do castelo, a conclusão das habitações sociais e a modernização das escolas. Ainda assim, destacou pontos positivos, como a promoção da marca Vizela, os passadiços e a requalificação das margens do rio.
Victor Hugo Salgado, presidente da Câmara, respondeu, apontando contradições nas críticas da oposição e defendendo o trabalho desenvolvido: “Contra factos não há argumentos. A coligação foi contra os passadiços, contra as festas e absteve-se em projetos fundamentais como as habitações sociais. Hoje vêm reconhecer o sucesso do que criticaram ontem.”
Ana Catarina voltou a ripostar, garantindo que a coligação apoiou a construção dos passadiços e defendeu as festas, mas exigindo “mais do que eventos” para o desenvolvimento do concelho.
Entre os pontos em discussão, foi ratificado por unanimidade o contrato de comodato entre o Município e a Freguesia de Infias, assim como a comparticipação do município no financiamento da Comunidade Intermunicipal do Ave e do TRIAVE. Já o contrato de comodato entre a Câmara e a Comissão de Festas de Vizela foi aprovado com 25 votos a favor e uma abstenção, de João Vaz, deputado do PS e também presidente da comissão de festas.
No ponto 3.4 (informação do presidente da câmara acerca da atividade do município e a sua situação financeira), o presidente da Câmara trouxe ainda críticas ao Governo da República, referindo dois constrangimentos que afetam diretamente o concelho. “São duas notas muito relevantes porque criam constrangimentos no concelho de Vizela de duas formas distintas e que, até à presente data, não obtiveram qualquer resposta do Governo. A primeira prende-se com a ausência de abertura da linha de crédito às autarquias, essencial para apresentar candidaturas e financiar obras. Enviei uma carta ao Ministro da Economia e da Coesão Territorial a 28 de agosto de 2025 e continuo sem resposta. A segunda questão tem a ver com o encerramento de empresas no Vale do Ave e, em particular, em Vizela. Apesar dos esforços da autarquia, não existe até agora uma palavra do Governo sobre medidas de apoio às famílias e empresas atingidas pelo desemprego. O silêncio é total e traduz irresponsabilidade.”
A encerrar a sessão, e por se tratar da última assembleia deste mandato, Francisco Ribeiro, da coligação Vizela é Para Todos; Irene Costa, deputada do PS; Victor Hugo Salgado, presidente da Câmara Municipal; e António Carvalho, presidente da Mesa da Assembleia Municipal deixaram mensagens de despedida.
Francisco Ribeiro interveio pela última vez depois de mais de 20 anos como deputado municipal: “Foram mais de duas décadas de dedicação, de serviço público, de debates intensos, de consensos alcançados e de decisões que moldaram o presente e o futuro do nosso concelho. Nunca encarei este lugar como um privilégio pessoal, mas sim como um dever coletivo. Saio com a serenidade de quem procurou dar sempre o melhor de si e levo comigo a certeza de que esta Assembleia continuará a ser um espaço nobre de cidadania, de debate democrático e, principalmente, de amor a Vizela.”
Irene Costa, deputada do PS, destacou a importância do debate democrático e agradeceu a todos os autarcas que contribuíram para o desenvolvimento do concelho: “O poder local democrático só se realiza com todos: com os que vencem, com os que desempenham funções executivas, com os que estão na oposição. É através deste debate que o projeto de Vizela se reconstruiu e fortaleceu. Foi, por isso, um orgulho partilhar este caminho com todos os que ajudaram a tornar Vizela aquilo que hoje reconhecemos: um concelho com história, vibrante e com futuro.”
Também o presidente da Câmara, Victor Hugo Salgado, deixou palavras de balanço e de reconhecimento: “Há oito anos questionava-se se valeu a pena lutar pela autonomia do concelho de Vizela. Hoje, já ninguém tem dúvidas de que sim. Foram anos difíceis, mas em que valeu a pena lutar pelo projeto Vizela. Quero deixar uma nota pessoal de agradecimento ao meu pai, um grande vizelense que me fez acreditar sempre em Vizela, e à minha mãe, que moldou a minha forma de agir e me fez acreditar em quem sou.”
Por fim, António Carvalho, presidente da Mesa da Assembleia Municipal, sublinhou o papel central da democracia local: “Aqui se discutiram e aprovaram os principais diplomas que permitiram que Vizela seja o que é hoje. Podemos ter visões diferentes, mas o objetivo final é comum: uma Vizela maior, mais próspera e com vizelenses mais felizes. É nesta Casa da Democracia que se aprende a respeitar ideias diferentes, sem deixar de ter as nossas próprias convicções.”