Filme gravado na Fábrica do Rio Vizela estreia amanhã

“Não sou Nada – The Nothingness Club”, de Edgar Pêra, rodado na Fábrica do Rio Vizela, em 2020, estreia esta terça-feira, dia 31 de janeiro, na Competição Oficial de Roterdão 2023, certame que se prolonga até domingo, dia 05 de fevereiro.

“Não sou Nada – The Nothingness Club” é inspirado nos heterónimos de Fernando Pessoa e o argumento é de Luísa Costa Gomes e do próprio Edgar Pêra. No verão de 2020, a Rádio Vizela entrevistou o realizador. “O filme começou por ser passado dentro da cabeça do Fernando Pessoa e o produtor Rodrigo Areias sugeriu-me aqueles escritórios da Fábrica do Rio Vizela para fazer lá o cenário principal e eu fiquei apaixonado pelo espaço e pelo seu potencial”. “Um número interminável de escritórios dos anos 30 e depois decidimos filmar lá”. “Entretanto, tivemos de adiar as filmagens por causa do vírus e decidimos filmar lá tudo, portanto, acabámos por estar um mês inteiro confinados a um espaço, num ambiente utópico, em que estávamos todos testados, era tudo muito mais fácil”, dizia na ocasião o realizador. Recorde-se que 2020 foi o ano em que surgiram os primeiros casos de Covid-19 no nosso país. Por isso as filmagens desta longa-metragem foram efetuadas no contexto de pandemia.

“Não sou Nada – The Nothingness Club” foi filmado na Fábrica do Rio Vizela, em Vila das Aves, e também nas áreas circundantes a este equipamento. “Filmámos tudo lá, exatamente para podermos filmar em condições excecionais”. “Tivemos de readequar todo o guião e toda a logística àquele espaço”, explicava Edgar Pêra.

Na ocasião em que entrevistámos o realizador, as filmagens já tinham terminado, mas ainda não havia data definida para estreia. A estreia mundial acontece apenas este ano, no decorrer Competição Oficial de Roterdão 2023. “O filme é exatamente a materialização de todas aquelas personagens literárias, cada estilo, cada opinião que o Fernando Pessoa tinha de diferente, ele usava uma personagem literária para escrever sobre esse ponto de vista - que chamamos heterónimos – e, no fundo, eu tentei materializar aquela gente toda, o Álvaro de Campos, o Ricardo Reis, o Alberto Caeiro, todos eles”. “Ao longo da vida dele inventou mais de uma centena de heterónimos, ou pelo menos personagens literárias e, portanto, é todo um espaço e há uma história de amor e uma história de morte”. “Apesar de ser um filme que parte da poesia, a poesia é um elemento dramático, não é propriamente um filme que está ali a recitar poesia, é um filme de ação até”, explicava o realizador.

“Não sou Nada – The Nothingness Club” conta com as interpretações de Miguel Borges, Albano Jerónimo, Victória Guerra, Paulo Pires e Miguel Nunes.

 

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