Adruzilo Lopes com projeto definido para a nova temporada

Piloto está ainda a construir o Peugeot 306 Maxi para correr no campeonato em 2023

Adruzilo Lopes já tem definido o seu projeto para 2021, no Campeonato Nacional de Ralis, um projeto que passa de novo pelo Mitsubishi e na aposta de conquista do Grupo N. Paralelamente o piloto continua empenhado em voltar a correr com um Peugeot 306 Maxi semelhante ao que disputou o Campeonato Nacional de Ralis entre 1996 e 1999, e com o qual obteve 15 vitórias no Campeonato Nacional de Ralis. O carro está em construção e em entrevista ao RVJornal, Adruzilo Lopes assegura que será aposta em 2022.

 

 

RVJornal (RVJ) – Está definido o projeto para esta temporada?

Adruzilo Lopes (AL) – Sim, estamos a dois meses do início do Campeonato Nacional e nesta altura já tenho todo o plano praticamente concluído. Ainda não está definido a cem por cento, mas está a oitenta por cento. Vou agora ultimá-lo no tempo que falta até começar a competição.

 

RVJ – É um projeto que continua a apostar no Mitsubishi Evo?

AL – Sim, vou começar o campeonato com o Mitsubishi, paralelamente vou continuar a construção do Peugeot 306. Será para fazer consoante as possibilidades e, portanto, este ano a aposta mantém-se no carro que corri a época passada, o Mitshubishi, pois não acredito que este ano consiga acabar o novo projeto que tenho em mãos. Tenho trabalhado para fazer a época com tranquilidade e terminar este projeto que comecei o ano passado com o Mitshubishi.

 

RVJ – E já conseguiu encontrar patrocinadores para participar na totalidade das provas?

AL – Este ano é para fazer o Campeonato todo. Este ano, o Nacional encurtado, passou de dez para oito provas e por isso espero estar presente em sete deles, é para isso que tenho trabalhado. Não estou a pensar participar no Rali de Portugal, que é um rali muito dispendioso, para a minha realidade, não só pelo rali em si, mas porque é preciso fazer uma revisão grande ao carro antes e outra depois, daí ficar muitíssimo caro participar. Espero estar presente em sete e nesta altura tenho praticamente o orçamento alcançado para fazê-los.

 

RVJ – O objetivo é fazer os que são essenciais para vencer a sua classe?

AL – Sim, e nesse sentido tenho de fazer os ralis todos, pois contam sete para essa pontuação. A outra prova, o Rali de Portugal não conta para a nossa classificação é mais um motivo para não o correr. O objetivo é lutar pelo título no Grupo N, ou seja, a mesma aposta do ano passado. Não fosse a pandemia e o ano passado podia ter vencido, ganhei os quatros ralis em que participei com o Mitshubishi, mas os meus adversários fizeram seis ralis e por isso não consegui lá chegar. Se o Rali do Algarve não tivesse sido anulado podia lá ter chegado, mas também não consegui ir à Madeira e ao de Castelo Branco, espero que este ano possa consegui-lo.

 

RVJ – Ainda sente nostalgia e tristeza por não ter um carro para lutar pelo título absoluto?

AL – Já tive essa oportunidade e já o consegui por mais do que uma vez, mas agora é muito difícil. Na situação que nos encontramos ainda é pior, pois é muito difícil encontrar apoios. Quando as coisas estão bem ainda se vai conseguindo, mas com a pandemia os patrocinadores começaram a cortar nas verbas que tinham estipuladas. Este ano as coisas não estão fáceis, ainda que haja menos ralis. O meu carro é muito mais barato do que outro que me permitisse lutar pelo título absoluto. Já nem penso muito nosso, e agora nem estou muito para aí virado. Agora estou focado no Peugeot 306 e pensar na luta pela geral está muito longe dos meus horizontes, a não ser que me aparecesse um projeto que fosse irrecusável. Agora ser eu a trabalhar num projeto com essa finalidade penso que já não faz sentido e já penso isso desde 2016.

 

RVJ – Terá um navegador fixo para a nova temporada?

AL – Este ano vou ter um novo navegador, é a primeira vez que vai estar ao meu lado. O meu navegador do ano passado, o Paulo Silva, por questões profissionais deixou de me poder acompanhar. Depois tive o Paulo Marques, que fez comigo o Rali Vidreiro, mas teve de entrar em isolamento e depois tive o José Janela numa emergência. Este ano vou ter ao meu lado o Paulo Leandres, que é um navegador com alguma experiência e que penso será uma mais-valia para o projeto. Espero que seja para toda a época.

 

“Meio milhão de pessoas, nas minhas redes sociais mostraram interesse no regresso do Peugeot 306”

 

RVJ – Em tempos de pandemia ganhou força este projeto do Peugeot 306, era um projeto que vinha a amadurecer?

AL – O projeto do 306 é uma coisa que nunca morreu, pois, muitas pessoas estão ainda muito ligadas a esse carro. Um carro que marcou muito os adeptos dos ralis, sendo frequente as pessoas falarem-me desse carro ao longo dos anos. Quando a pandemia se instalou o projeto começou a crescer de tal forma que levou ao seu início. Não foram só os adeptos dos ralis, mas muitas pessoas que têm estado à minha volta, durante estes anos todos, que estão próximas e contribuem para a minha participação. As coisas foram surgindo e a oportunidade acabou por se concretizar. Já demos início ao projeto, não tenho data definida para o carro ficar pronto, porque é um projeto que envolve bastante dinheiro, vamos tentar fazer o melhor possível e o mais rápido possível. Vamos tentar que o projeto não pare, para ver se no próximo ano é possível a estreia. 

 

RVJ – Será um carro construído de raiz?

AL – Sim, será completamente construído em Portugal. Neste momento, estamos na fase de carroceria e chassis, para a seguir passarmos para a parte mecânica. Já estive a ver várias possibilidades, vários carros na Europa, até que cheguei à conclusão de que o ideal era partir para a construção de um carro. Achei que posso fazer melhor, fazer um carro à minha medida, como eu quero. É um carro que conheço bem, que quero construir.

 

RVJ – Será um carro à imagem daquele que já lhe deu tantas alegrias no passado?

AL – Em termos de carroceria, o chassi vai ser exatamente igual, já em termos de mecânica, julgo que vai ser um passo antes do último carro que eu tive, pois não tenho necessidade de ter um carro tão evoluído e tão dispendioso. Em termos de decoração, há de andar muito perto do que tivemos. Ainda não está definido, mas também depende dos patrocinadores.

 

RVJ – Esperava tanto entusiasmo dos adeptos em redor do Peugeot 306?

AL – Confesso que não esperava, pois estamos a falar de meio milhão de pessoas, que nas minhas redes sociais mostraram o seu interesse no regresso do carro. Não estava à espera de algo tão empolgante, mas ainda bem que assim foi, porque isso deu força ao projeto. Penso que adeptos da modalidade e do carro vão fazer com que o projeto avance, porque esse mediatismo vai ter uma influência muito grande na sua conceção.

 

RVJ – A preparação da época está a ser desgastante com a angariação de patrocinadores para dois projetos, mas a motivação também deve ser grande?

AL – Sem duvida que estou a tratar dos dois projetos como um todo. Não posso pedir apoio aos patrocinadores para daqui a um ano. Por isso o retorno aos patrocinadores espero poder dar-lho este ano com a vitória no Mitsubishi e com isso, facilitar também a construção do Peugeot. Claro que o facto de estar a construir um carro desses que me marcou muito e que me diz muito, é mais uma motivação para continuar nos ralis. É também desgastante, porque já são muitos anos de corridas, mas por outro lado, a motivação faz com que o desgaste seja muito reduzido.

 

RVJ – O que espera da temporada?

AL – Em primeiro lugar que a pandemia passe, pois, a partir dai tudo será mais fácil, para a prova, para conseguir patrocinadores.

Espero estar a lutar pala vitória em todos os ralis e quando o Peugeot estiver em competição é claro que também vou querer ganhar. O meu objetivo é vencer todas as provas em que vou participar.

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