Vizela romana e a sua história
Pedro Marques
2024-08-16Neste nosso reencontro aqui no RV Jornal, a um ritmo que tem vindo a oscilar entre os quinze dias e as três semanas, vamos desta vez partilhar com os nossos amigos leitores a história que temos sobre a “Vizela Romana” com estátua na Praça da República e cuja deliberação da sua colocação aconteceu nos tempos em que fizemos parte ainda nas funções de vereador na Comissão Instaladora, ou já depois connosco a Chefe de Gabinete da eleita Câmara Municipal.
Sobre o nome de “avicella” a fantasia foi buscar este nome a um pássaro que teria o seu habitat nas margens do “nosso” rio. Outros atribuem o nome a uma estátua que terá aparecido no leito do rio Vizela. Com o nome de “Vizela Romana”. Presume-se. E diz o Povo: “presunção e água benta, cada um toma a que quer”. O que é certo é que a imagem da “Vizela Romana” está implantada na Praça da República. Porém, há uma outra história de como surgiu esta “Vizela Romana e que vou partilhar com os estimados leitores.
Fica, entretanto, a origem do nome de “avicella” e do qual derivou o actual nome de “Vizela”. No nosso tempo de estudante, pelos meus dezassete anos e no segundo ano do curso superior de Filosofia e do qual fazia também parte o estudo da evolução da Língua Portuguesa desde o Latim, tivemos a professor o cónego Arlindo Ribeiro da Cunha, uma sumidade em arqueologia, paleologia e antropologia, heráldica… e até noutros conhecimentos. Além de outras disciplinas que não vamos agora inventariar e muito menos pormenorizar.
E aprendemos, então - e já nessas aulas o nome de Vizela era referenciado - que “Avicella” deriva do diminutivo de “Avis” que deu origem ao nome do rio Ave; e “avicella” enquanto diminutivo de “Avis” significa (rio) “mais pequeno que o Ave”. Sem precisar da fantasia de recurso a outros justificativos. Portanto: dos dois rios: o maior é o rio Ave; e o mais pequeno, o rio Vizela. Está aqui a justificação científica do vocábulo actual de “Vizela”.
Recordo que, no nosso tempo de escola, o meu pai sofria de reumatismo e veio fazer, durante uns tempos, tratamentos aqui a Vizela. Tratamento que foi eficaz, pois nunca mais o meu pai necessitou de repetir esse tratamento. Nesses tão recuados tempos dos meus dezasseis/dezassete anos, mal imaginávamos nós que, uns dez anos após, de Vizela viéssemos a fazer a nossa morada. Que passou a ser efectiva. E em Vizela nos integrámos como cidadão, cumprindo a sabedoria do Povo:” à terra onde fores ter, faz como vires fazer”. E dentro das nossas limitações, esforçámo-nos por ser um cidadão activo a bem de Vizela. Hoje, não é assim: hoje, quem vem de fora, carregado só com malas cheias de “direitos”, passa logo a exigir. Os deveres, nós que os cumpramos.
E agora sim. Agora, vamos partilhar com os estimados leitores a verdadeira origem da estátua da “Vizela Romana”. Da qual alguém possui o texto original, pois o que está em nosso poder apenas é dele fotocópia… “Todos os achados arqueológicos de Vizela, pelo menos até ao presente, pois estamos convencidos de que é possível haver mais surpresas em futuras e metódicas escavações, não mostraram indícios sequer de qualquer estatueta ou lápide indicativa de qualquer deusa das águas sulfurosas. Os romanos tinham, de facto, inúmeros e variados deuses, alguns até importados de outros povos. Não seria de estranhar, pois, que tal acontecesse. Mas nada o prova neste caso. Vizela romana era a “oculis callidarum. O rio é que era o Avizela. Avicella, no latim. E, caso curioso, é que Avicella também era nome de mulher romana.
O caso da estatueta Vizela Romana passou-se da forma seguinte: Vinha anualmente para Vizela, e para uso de águas, certo cavalheiro das Caldas da Rainha que ali possuía uma fábrica de porcelanas e se hospedava sempre na casa do saudoso Armindo Pereira da Costa. Um dia, ofereceu-lhe a tal estatueta de invenção sua, tendo nas bases os nomes do seu autor, a data”. Esta é, assim, a verdadeira história da “Vizela Romana”.
Nota:
Uma vez mais, o meu reconhecimento pelas pessoas anónimas, e que passaram a ser amigas, que se têm cruzado connosco e nos afirmam que seguem com muito gosto, porque apreciam, os temas que temos vindo a publicar aqui neste Semanário.
Para todos, o abraço amigo de sempre.