Amizade e viagens no novo livro de Ana Bárbara Pedrosa
“Viagens com o Medhi” é o primeiro livro de não ficção de Ana Bárbara Pedrosa. Chega às livrarias a 10 de outubro e a apresentação será em Óbidos, no dia 13, no decorrer do Festival Literário Internacional de Óbidos.
“É a primeira vez que me meto em literatura de viagens mais a sério”, começa por dizer a vizelense. O livro, explica, “faz o resumo de uma relação de amizade, de cerca de 15 anos, entre mim e o Medhi, em vários países diferentes, e vai contando as histórias dessas viagens, que vão sendo muito diferentes consoante os destinos, ou seja, o capítulo da Islândia será muito sobre a solidão da paisagem, o capítulo sobre a Palestina será muito sobre o meio político envolvente, o capítulo sobre o Rio de Janeiro sobre questões sociais visíveis, principalmente para portugueses”.
Ana Bárbara Pedrosa e Medhy conheceram-se nos Estados Unidos da América, quando a vizelense tinha 19 anos de idade. Ela de Portugal, ele da Dinamarca, ambos tiveram a bolsa Fulbright e foi neste contexto que se tornaram amigos.
“Quando se está a viajar há uma aparente dissociação com o que fica para trás, ou seja, estar num território aparentemente neutro, com uma pessoa neutra, pois não temos amigos em comum, cidades, nem língua em comum, que vai criando um espaço de redoma que também é muito propício seja para a autorreflexão, seja para a reflexão sobre a literatura e eu vou casando isso no livro, a forma como a ideia de viagem por si já é um conceito inerentemente literário para mim”, sublinha.
Não se trata de um diário acerca das viagens. “Eu não tirei nunca nenhuma nota em viagem nenhuma, foi tudo escrito à posteriori, claro que isso acaba por brincar com aquilo que é uma memória de uma viagem, porque muita coisa passa ao lado, há uma viagem que foi de dois meses pela América Latina, que incluiu muitas noites passadas em camionetas, muitas noites sem dormir e também há muito esse cansaço no livro, não é um guia turístico, tem as coisas normais da viagem, o mau humor com que se está quando se tem fome, ou quando se tem dor de costas”, partilha.
“Os capítulos são muito diferentes, porque as viagens também são muito diferentes, mas há situações, por exemplo na Bolívia, em que a primeira memória que me vem à cabeça quando penso é não conseguir respirar, a altitude era muito elevada, sentia a falta de oxigénio, tudo me esgotava completamente, e não fazia estar a fazer um livro de viagens sem ter no livro essa experiência da viagem. Claro que faço a descrição de paisagens, claro que tento meter-me na vida de um povo, uma coisa superficial porque estou lá algumas semanas apenas, mas a experiência de viagem fica marcada por essa coisa subvalorizada que é conseguir respirar”, salienta ainda.
A apresentação do livro contará com a presença da jornalista e autora Patrícia Reis. Será pelas 16h00 do dia 13 de outubro, no Festival Literário Internacional de Óbidos. Para já esta é a única apresentação agendada, porque dias depois a vizelense parte para Moçambique para participar numa residência literária.