TERÁ VITORINO NEMÉSIO VISITADO VIZELA?... I VIZELA DOS TEMPOS IDOS

Terá Vitorino Nemésio visitado Vizela?... Não temos certezas. Mas temos pistas. E não esquecemos o quanto Vizela, nos tempos áureos das suas termas, foi frequentada por pessoas bem-conceituadas na sociedade. Hotéis, pensões, o parque, o rio, as termas, nenhuma destas estruturas vivia do nada. 
Eram as pessoas que davam vida e prosperidade e celebridade. Não vamos pormenorizar os hotéis e características de cada um. Numa vila tão pequenina, plantada entre campos de linho das ribeiras a par da linha do comboio; coberta de lençóis de centeio e cultivo maciço dos milheirais até ao parque na margem direita do Vizela; e de onde em onde, nas levadas ou encostas abundavam os castanheiros e cerejeiras; os carvalhos ou mesmo a giesta e os pinhais  que acendiam e alimentavam os fornos da padaria do Barracão e das demais; da Lameira onde eram abundantes as fontes de borbulha da água quente a céu aberto;  onde os porcos e galinhas andavam à vontade e a garraiada brincava à bola, ao pião e ao botão e onde havia também os balneários de improviso;   a Vizela dos moinhos na bouça das pedras e na outra margem, do rio faziam a cascata que, mais tarde, a garotada recriava pelas festas dos santos populares; as pessoas à volta da praça quando iam buscar água à bica da água quente para as suas necessidades higiénicas em casa, ou mesmo lavavam os pés antes de se deitarem à noite;  Praça esta onde eram também frequentes os concertos de bandas de música em despique; onde, nos dias de feiras normais e dos porcos e de gado bovino, os jumentos e cavalos ficavam presos pela arreata às argolas do Hotel Central; num tempo desses assim,  como é que Vizela, e porquê, foi capaz de atrair tantos forasteiros ao seu seio; forasteiros até ingleses, que o mês de Maio sobretudo, Vizela  procuravam para passar férias. E até se impressionam com a palidez de tanta juventude na qual grassava a tuberculose. 
Nesses tempos, o jogo era outra atracção e havia os casinos. De todos, resta ainda o edifício de um com o seu nome de origem  - Casino Peninsular. Ao ponto de os comboios, sobretudo do lado de Guimarães virem sempre abarrotados de gente, e a noite passavam até ao relento nas ruas de Vizela!...  Ao prestígio de Vizela desses tempos, não foi inocente o rasgo da Estrada Nacional 106 nem a passagem da linha do comboio! Quanto a nós, se não fosse o prestígio de Vizela, a linha férrea “Trofa-a-Fafe” não teria sido pensada. Do Hotel Cruzeiro do Sul, ainda está de pé o edifício, embora com as inevitáveis adaptações.  Qual o feitiço desta então vila termal para atrair multidões assim?... A cidade histórica de Guimarães desse tempo não tinha nem as pensões nem os hotéis de Vizela! Nem casinos! Vizela tinha um encanto único. Especial. Uma espécie de feitiço que a todos encantou. E nasceram as pensões e os hotéis. Com a referência apenas a dois – ao Hotel Cruzeiro do Sul, onde a família real chegou a passar férias; e o Hotel Sul-Americano, cujo nome desses tempos, infelizmente foi substituído por outro que nenhum valor acrescentado trouxe para o bom nome de Vizela. Antes, até esse bom nome terá envergonhado. Vá lá que, agora sim; agora ao “castelo” irá ser restituída a dignidade e o prestígio que merecem a sua memória de edifício construído para sede de Câmara do concelho de Vizela que nesses tempos de monarquia já moribunda, um punhado de “homens bons” de Vizela tentou separar do concelho de Guimarães e que só mais de um século depois, tal sonho se concretizou. E depois deste desenvolvido preâmbulo, mas muito aquém ainda da riqueza há histórica, social e termal de Vizela,  é justo que nos lembremos da fina flor social que Vizela passou a procurar. E na qual se incluem médicos, pintores, fotógrafos, escritores, compositores de música e até altos dignitários da Igreja! Um deles como “desterrado”. 
De todos os frequentadores de relevo de Vizela, temos a estátua de Camilo, sentado ali nas escadas laterais de acesso ao jardim. No entanto, outros houve, e que também nas suas memórias e escritos, gravaram o nome da nossa então vila termal. E chegados aqui, e depois deste enquadramento que aqui fizemos, de uma Vizela aberta ao mundo desse tempo, fica então a pergunta: Terá Vitorino Nemésio visitado Vizela?
Entretanto, será esclarecedor que fiquemos a saber quem foi Vitorino Nemésio e o porquê desta nossa presunção de este personagem ter visitado Vizela. E qual o elo comum que tivesse possibilitado esta presumida visita à Vizela termal, cujo passado histórico é uma riqueza de visitas de pessoas ilustres à “Rainha das Termas” de Vizela.  Veremos na próxima edição do RVJornal. 
Com o abraço amigo de sempre.