No Comboio Descendente

Manuel Marques

2024-04-18


O problema maior de qualquer instituição é quando quem está não manda e quem manda não está. Poderá ser efetivamente este o calcanhar de Aquiles da Sociedade Anónima Desportiva do FC Vizela. Basta recordar que as vozes mais altas que se ouviram nos últimos tempos em referência à SAD (Victor Hugo Salgado e Eduardo Guimarães) não visaram o presidente da mesma. E o problema da equipa, desde a sua elaboração até à queda no precipício, pode passar exatamente por aqui: pela falta de liderança. No máximo o grupo é gerido por telefone via Ásia-Europa. 
A diferença de liderança e de gestão, entre o cordial Joaquim Ribeiro - representante de um Fundo sem rosto nem nome, uma espécie de FMI dos pequeninos -, para a do seu antecessor Diogo Godinho, que representava a declarada investidora Seka Incorporate de Hong Kong do afável (e pode-se acrescentar saudoso) Edmund Chu, é notória. 
A SAD de Godinho começou na época 2016-2017 da pior forma, com uma descida de divisão ao Campeonato de Portugal (por diferença de um golo com o Leixões: zero-zero lá e 1-1 cá). 
Os "antissade", que dispõe de palco privilegiado na incompreensível e masoquista página de Facebook azul e branca usando-a para denegrir a dignidade de dirigentes, treinadores e atletas com as consequências negativas que daí advém nos visados sobretudo nos jogadores, galgaram furibundos os degraus da bancada em direção ao camarote presidencial para "pedir explicações" a Godinho & Companhia.
Seguiram-se iguais mimos no desfecho das duas liguilhas perdidas sucessivamente para os ribatejanos de Vila Franca, clube hoje com licença amadora de motociclo tendo a carta profissional voado 300 km para as Aves. 
A SAD de Godinho, que os "antissade" queriam correr a toco de vassoura nas três épocas anteriores, alcançou o zénite (I Liga) ao terceiro tempo tendo valido o conhecimento do Diretor Desportivo Pedro Albergaria sobre o futebol português e as consequentes frutuosas contratações de Álvaro Pacheco, Cassiano, Kiki Afonso, Kiko Bondoso, Koffi entre outros competitivos desportistas que deram fama, proveito e vendas fabulosas à SAD anterior. Essende, e mais nenhum, prometeu, até há quatro jornadas atrás ser um valor a equacionar, a transacionar, todavia nem este avançado escapou ao tédio que assolou toda a equipa. Vamos ver se volta a brilhar nas cinco derradeiras jornadas. 
Calcula que a este tempo a SAD, ou alguém por ela, já esteja a planear a próxima época. Se assim for há muito trabalho a fazer e não é tarde para o começar. 
O treinador Rubén de la Barrera, cuja coragem admiro, diz que não atira a toalha ao chão, uma metáfora dos pugilistas derrotados. Todavia o futebol não é pugilismo ainda que alguns trogloditas que não respeitam a SAD, o património do treinador e a liberdade de imprensa, pensem o contrário. 
Macacos há muitos e nem todos estão presos!