Evrard ansioso por voltar à competição e ajudar FC Vizela
Jogador está feliz em Vizela onde encontrou pessoas que o ajudaram num momento dificil da sua carreira
Está em Portugal, desde a época de 2014/15, altura em que chegou para representar a AD Oliveirense. Hugues Evrard Zagbayou de 28 anos de idade é um dos médios do FC Vizela e em Portugal já representou também o Salgueiros. Lesionou-se no jogo da Taça de Portugal, com o Trofense há cerca de três meses, está em recuperação, já faz corrida e espera em breve, regressar à competição, para ajudar a sua equipa a cumprir os objetivos de subida. Em Vizela diz ter encontrado gente boa que o está a ajudar a ultrapassar um momento difícil.
Rádio Vizela (RV) – Teve uma infância ligada ao futebol?
Evrard Zag (EZ) – Na Costa do Marfim, o futebol é como uma religião e todas as crianças jogam futebol. Os mais humildes andam sempre com a bola, mas jogam na rua. Eu também não era diferente e desde muito pequeno andava sempre com a bola a jogar na rua com os outros meninos, só via futebol.
RV – E como surgiu a entrada para um clube?
EZ – Aos 10 anos, o Mimosas, um dos bons clubes da Costa do Marfim veio à minha cidade, onde realizou uma competição e aproveitou para fazer uma formação para encontrar novos talentos.
Acharam que eu tinha algum talento para jogar futebol e fui para a academia do Mimosas. Tive que deixar a minha terra, apesar de ser muito novo.
RV – O Mimosas sempre foi o seu clube na Costa do Marfim?
EZ – O meu sonho era jogar futebol e estando no Mimosas podia fazê-lo, pois eles tinham condições para isso. Por isso estive sempre naquele, fiz quatro anos de formação e depois entenderam que já podia jogar numa equipa Sénior. Os diretores gostavam de mim, achavam que eu tinha qualidade.
“Em Portugal tive quase que aprender de novo a jogar futebol”
RV – E como surge a oportunidade de sair da Costa do Marfim?
EZ – Desde pequeno que sonhava em sair de Africa e vir jogar para a Europa. Pensava que por cá, podia ter uma vida melhor, ajudar a minha família, ajudando-os a ter uma melhor situação na vida. Eu sabia que mesmo que fosse jogador de futebol na Costa do Marfim, não podia viver apenas disso, para ser profissional tinha que vir mesmo para a Europa. O passo seguinte foi encontrar um agente, que me ajudou a sair do país, para jogar no estrangeiro. Contudo, foi muito difícil sair de lá, muita burocracia, tive que pedir ajuda, a minha sorte é que o meu agente acreditava no meu talento e tudo fez para eu poder jogar na Europa.
RV - Portugal foi logo a primeira opção?
EZ – Não. Eu saí da Costa do Marfim, para ir para a Alemanha, mas lá as coisas, acabaram por não correr bem. Tenho um amigo que joga aqui em Portugal e estava-me sempre a dizer para eu vir jogar para cá. Eu disse-lhe que sim e foi desta forma que comecei a jogar em Portugal, tendo ido para a Associação Desportiva Oliveirense.
RV – E quais as principais dificuldades com que se deparou?
EZ – Até me adaptei facilmente ao país e ao clube, ao fim de três meses já estava perfeitamente adaptado. O pior foi mesmo a adaptação ao futebol, muito diferente do que estava a realizar na Costa do Marfim. Custou a adaptar-me à disciplina, à tática do jogo, à organização dentro de campo. Percebi que apesar de já jogar futebol há muitos anos, no meu país, aqui foi como começasse de novo a aprender a jogar futebol. Recebi ajuda por parte das pessoas da Oliveirense e foi bom ter estado aqueles seis meses no clube.
RV – Depois foi para o Salgueiros. Também foi uma boa experiência?
EZ – é um grande clube, com uma grande tradição e lá os adeptos são únicos. Deu para perceber que muita gente gosta mesmo do Salgueiros, que é um clube especial. O meu primeiro lado foi um pouco difícil, mas no segundo, já mais adaptado, acho que realizei uma boa época e fui feliz naquele clube.
RV – Seguiu-se o FC Vizela…
EZ – Quando cheguei ao Vizela encontrei um clube com outra mentalidade, em relação aos outros dois, por onde tinha passado. Vizela é diferente, é uma cidade onde a gente gosta muito de futebol e do clube. As pessoas aqui são boas e gostam dos jogadores. Gosto muito de estar aqui de viver em Vizela, onde sinto grande carinho dos adeptos por mim.
RV – Portanto ficou feliz, quando recebeu o convite para continuar no clube?
EZ – Muito feliz, pois sei que nesta divisão o Vizela é o melhor clube. Os resultados têm sido muito bons, estamos em primeiro com sete pontos de avanço e jogámos muito bem. O nosso objetivo é subir, este é o nosso sonho e espero que todos juntos possamos vivê-lo no final da época.
“Em Vizela há gente boa que me tem ajudado muito”
RV – Para si a época não está a correr tão bem, pois lesionou-se…
EZ – é verdade, infelizmente lesionei-me já lá vão três meses. No entanto, tudo está a correr bem. Já comecei a correr, não sei quando vou regressar, mas está a correr bem. Está a ser difícil ultrapassar esta situação. No princípio foi mesmo muito mau, mas comecei a perceber que com a ajuda de todos, posso ultrapassar esta dor e regressar quando estiver recuperado. Tive sorte de ter muita gente boa ao meu lado, que me está a ajudar, principalmente o doutor e o fisioterapeuta. Toda a gente me ajuda, tenho sorte de estar neste clube e ter muita gente boa a ajudar-me.
RVJ– Há uma grande ansiedade para voltar à competição?
EZ – Ver a equipa a ganhar e a aproximar-se dos seus objetivos é uma motivação para mim, para a minha recuperação. Quero estar recuperado rapidamente, para poder também dar o meu contributo à equipa e ajudar o grupo a subir de divisão.
RV – Como é passar o Natal fora do seu país?
EZ – Este ano não passei o Natal na Costa do Marfim, mas tenho um familiar em França e este ano fui lá. No ano passado passei cá em Vizela e até nem foi difícil, pois tenho cá muitos amigos.
Apesar de estar longe, falo muitas vezes com a minha mãe e o meu irmão e as coisas tornam-se mais fáceis.
RV – Sente-se já perfeitamente integrado em Vizela?
EZ – Sinto-me quase como em casa, e nas poucas vezes que saio gosto de falar com os adeptos, e gostam sempre de conversar sobre a equipa. De resto, gosto de estar em casa, a ver televisão, sobretudo jogos de futebol e filmes, de jogar playstation e de conversar com os amigos.
RV – Tem algum ídolo no futebol?
EZ – Tenho, mas por caso até já deixou de jogar. Chama-se Scott Parker e jogava no Tottenham. Era um bom médio e quando era mais novo tentava imitá-lo.
RV – Quais são as suas ambições para o futuro?
EZ – O meu maior objetivo, nesta altura, é voltar a jogar. Não penso muito no futuro, não penso muito longe. O que quero mesmo é recuperar e voltar a jogar, depois só Deus sabe o que vai acontecer. No entanto, tenho o sonho de ajudar o Vizela a subir de divisão e depois também gostava de representar um clube de topo, na Europa. O meu sonho era jogar no campeonato inglês. Sei que já tenho 28 anos, mas acredito em tudo, porque quem acredita em Deus acredita em tudo. Primeiro tenho que recuperar e depois continuar a perseguir os meus sonhos