VIZELA NOS CAMINHOS (DE TORRES) DE SANTIAGO - II

Pedro Marques

2024-11-28


Segundo a lenda, ao apóstolo Santiago (Maior – mais velho) e de Compostela depois, se deve a ressurreição de um Malaquias deportado no tempo do cativeiro dos judeus para a Babilónia. E que da Babilónia veio como escravo, até à Brácara dos brácaros. 
Segundo o mesmo arcebispo D. Rodrigo da Cunha, o então apóstolo Tiago (Maior), para convencer os povos brácaros de que a doutrina do Evangelho que pregava era verdadeira, perante a multidão que o escutava, nas montanhas entre o monte de S. Félix e Rates, ressuscitou esse tal Malaquias, que depois batizou de Pedro. E mais tarde, o nomeou bispo de Braga – o primeiro e que é o S. Pedro de Rates, concelho a Póvoa de Varzim. E daqui o título honorífico dos arcebispos de Braga, individualmente – “(…) Primaz das Espanhas”.
E já agora e a propósito de Santiago na então Hispânia e por arrasto… foi também nesse tempo de evangelização que a Senhora, Mãe de Jesus, ainda viva e a residir ou em Jerusalém ou algures entre a Síria e a Turquia, e sem ter saído da sua casa, apareceu fisicamente a S. Tiago, a solicitar-lhe a construção de uma igreja a si dedicada, sob a invocação de Senhora do Pilar. Estava então este S. Tiago em Saragoça. E logo S. Tiago diligenciou pela construção de um templo, então muito modesto.  Mas que evoluiu para a atual basílica de N. Senhora do Pilar naquela cidade de Saragoça.
Depois da evangelização da Hispânia, S. Tiago (Maior) regressou a Roma onde foi martirizado. Pelo ano de 43.
Alguns séculos depois, e com a aparição do corpo deste santo na Galiza, por toda a Europa foi surgindo a devoção a Santiago de Compostela.
No território que entretanto veio a ser o nosso País, por onde passavam também esses “caminhos”, eles ficaram devidamente assinalados em monumentos, imagens, marcos e denominações. 
Por exemplo, aqui na periferia da Região de Vizela, no frontal da igreja de Sousela, vê-se o relevo em granito de uma vieira e a imagem do Santiago no seu interior. E à varanda de Vizela e debruçada sobre o seu vale, está a freguesia de Lustosa, cujo padroeiro é Santiago. E também nesta, há os símbolos da “vieira” - no feitio de meia concha de mar”; e o bordão de apoio na caminhada; e a cabaça da água, vasilha onde se guardava esse líquido para beber. 
Os “caminhos de Santiago” (Caminho de Torres) passaram, depois, a chamar-se “Caminhos de Torres”. 
E tem a sua origem no seguinte: “O Caminho de Torres adota o nome do seu mais célebre peregrino, o escritor salmantino Diego de Torres Villarroel. É um itinerário jacobeu que percorre antigas estradas medievais que ligavam Salamanca e o interior de Portugal ao ocidente peninsular e às vias litorais que permitiam o acesso a Santiago de Compostela.
Ao longo de mais de 20 dias de caminhada neste Caminho de Santiago, os peregrinos desfrutam de um percurso que é diverso e tem identidade própria, que é duro e ao mesmo tempo fascinante, que é desconhecido e afinal tem tantos pontos de interesse para o culto a Santiago.
Quem se aventura por estes quase 600 km de trajeto deste Caminho de Santiago enfrenta subidas íngremes e longas jornadas solitárias, mas também passa por centros urbanos inesperados, trechos deslumbrantes de paisagem e tem contacto com um património surpreendente”.
Claro que há outros “Caminhos. 
Nos casos que nos interessam, é onde estes “Caminhos” têm relacionamento com Vizela. E foi por mera casualidade que nos deparámos, há cinco anos, com sinalizações de pelo menos um destes “Caminhos “, com o símbolo da “vieira”. Num sítio insólito, depois de transposto o regato em Pias de Baixo. Num marco de madeira espetado no chão. No género daqueles de orientação para as trilhas pedestres ou de bicicleta e cravado nele, o emblema da “vieira” dos “caminhos de Santiago”, no âmbito dos “Caminhos de Torres”.
Com o abraço amigo de sempre.