INCOERÊNCIAS ATÉ QUANDO?

José Borges

2020-11-05


Por mais fortes que sejamos, ninguém se pode manter indiferente à nuvem negra, que globalmente paira sobre a humanidade e que pinta de cinzento-escuro todas as perspetivas, independentemente do lado que as queiramos analisar. Na economia, que tudo determina, no emprego e nas empresas, esta situação pode ser deveras impactante e ter reflexos imediatos na qualidade mínima de vida a que todo o cidadão deve ter direito. Aguardam as sociedades que os poderes constituídos, respondam de forma igual, ao nível do impacto causado, mesmo que isso implique reorientações estratégicas das políticas dominantes. Recorda-se, como alerta e forma de despertar, que os estados e, concretamente os grandes estados, consomem mais dos seus rendimentos em demonstrações de força bélica, em detrimento de políticas solidárias que visem dar dignidade aos cidadãos. No desporto, porque afinal este espaço a ele se dedica, vou aqui, e a propósito do jogo que marcou o regresso do FC Vizela ao seu reduto, recuperar uma situação, que reforça bem o ditado popular de que uma imagem vale mais que mil palavras. O cenário estava montado e propício à promoção de um espetáculo, que para ser completo lhe faltava o elemento fundamental: O público. O palco, estava bonito e renovado, eram percetíveis a vibração e a felicidade, que transbordava dos privilegiados que tiveram a hipótese de marcar presença física. Pessoalmente, enquanto representante dos associados, provei um sabor recheado de amargura e tristeza pelo impedimento que a tal nuvem negra provoca. Contudo, recolhi preciosos elementos, que reforçam a minha tese, que o Vizela tem adeptos inigualáveis pois dedicam ao seu Clube um amo e um carinho, que mais uma vez ficaram expressos. Claque acenando bandeiras e incentivos de apoio a partir das arribadas. Noutra dimensão, escrutinei uma face denotando esforço recompensado, pois, assim, conseguia assistir ao embate da sua equipa com a Briosa de Coimbra. Nos instantes seguintes, e já em fase de digestão do nefasto resultado do jogo, surgem nas redes sociais as imagens do tal adepto empoleirado no seu motociclo que lhe serviu de suporte. Rapidamente a publicação se tornou viral e serviu para pôr a nu a incoerência das autoridades, que no mesmo dia permitiram, que milhares de adeptos se amontoassem em Portimão para assistir a uma competição de elites e paga a preço de ouro. O nosso homem da mota, que não identifiquei merece, pelo exemplo de dedicação e amor demonstrado, o nosso reconhecimento. Deixo aqui o repto à administração da SAD para que, logo que seja possível, se possa recompensar este adepto, com a sua presença num jogo, mas desta vez na comodidade do camarote presidencial. O Moreirense Futebol Clube, cumpriu agora oitenta e dois anos de vida. Um justo reconhecimento ao papel do Clube no desenvolvimento e visibilidade da laboriosa Vila de Moreira de Cónegos. Na pessoa do seu dinâmico Presidente Vítor Magalhães, um senhor do futebol, felicito todos os Moreirenses.