Enquanto vos escrevo, o mundo pula e avança...

Fátima Anjos

2024-09-26


Enquanto vos escrevo tento entender o que não é entendível, o alargamento da ação bélica de Israel ao Líbano fazendo aumentar a escalada do conflito no Médio-Oriente que o ocidente parece olhar envergonhado mas sem tomar uma posição de força que contribua para o fim da morte de tantos inocentes, muitos deles, senão a grande maioria, crianças e jovens. Tal e qual as nossas, crianças e jovens.

Enquanto vos escrevo tento entender este jogo do “gato e do rato” que é a discussão em torno da discussão, e peço desculpa pela repetição, mas é precisamente, a repetição do mesmo filme, quando estamos perante os momentos que antecedem a análise e votação do Orçamento de Estado. Será assim tão difícil sentar à mesa e escolher, entre as possibilidades da despesa e da receita, o que é mais importante e urgente para Portugal e para os portugueses? Só é difícil, porque os Orçamentos são feitos e discutidos tendo sempre por base as eleições que vêm a seguir. De quem ganha e quem perde. Estamos a falar de partidos, quando devíamos estar a falar dos portugueses. Até pode dar alguma “pica” aos intervenientes, mas é muito cansativo para quem vê de fora. É o país a perder tempo.

Enquanto vos escrevo, chove bastante lá fora. Recebemos um alerta para a possibilidade de precipitação e ventos fortes. Há uma semana, Vizela estava coberta por um manto de fumo e o alerta era para risco de incêndio. O planeta está em mudança e a dar sinais de saturação e nós temos o dever de agir para que as próximas gerações tenham, pelo menos, o direito de usufruir do planeta tal como o conhecemos hoje. Ao mesmo tempo, há-que salientar a entrevista que Paulo Félix, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vizela, concedeu à Rádio Vizela e cujo excerto vem publicado nesta edição. Há-que centrar também as atenções na investigação e identificar quem contribuiu para a dimensão que tomaram os incêndios da última semana e que culminaram em nove mortes, na destruição de muitas vidas de vida e de uma parte considerável da nossa floresta.

Como diz a médica Resgate Salta, na entrevista que também reproduzimos esta semana – “Temos sempre de recomeçar” – e esta é uma oportunidade para recomeçar e preparar Portugal para as novas vagas de incêndios porque elas, infelizmente, chegarão.