Despertem para a realidade

José Borges

2020-04-08


Que sentimento este, que neste momento me assola! Quase desprovido do sagrado dever constitucional do direito à livre circulação, e sufocado, pelo peso da nuvem cinzenta e agoirenta, que teimosamente, paira sobre a cabeça, e ameaça retardar, a sua retirada para lá do horizonte. Resta-me a liberdade do pensamento, a capacidade e a inteligência para discernir, refletir, para me reinventar e criar as melhores soluções, que me permitam dar cor à vida. Reconfirmei, que dos momentos inoportunos e indesejáveis, também se podem tirar proveitos positivos. Os cidadãos, que globalmente, dão corpo às sociedades organizadas, como que, afugentados por um micro ser, mas quem por isso deixa de o ser, retiraram-se em debandada, para um confinamento coletivo. Independentemente, do seu estado social ou credo que os norteie, certamente terão chegado já a conclusão, de que afinal, são todos seres humanos, iguais a tantos outros e todos estão submissos a outros poderes, que não terão a ver apenas com a condição humana. Logo, assim se aguarda, que os comportamentos e posições perante a vida de todos e cada um de nós, se orientem pelos princípios da solidariedade e no reconhecimento pelos direitos de cada ser, enquanto cidadão de pleno direito.
Parafraseando Marisa, “Algo me diz que a tormenta passará”. A ciência, protagonizada pelos heróis do momento, (esses sim os verdadeiros) corre quase à velocidade do inimigo, como forma de encontrar o antidoto, que o permita abater. A informação, a boa informação, pois é necessário filtrar, é para nós uma ferramenta de inestimável interesse. Não sou técnico de finanças ou economia, mas a experiência, que resulta do facto de agora ter ultrapassado a linha que dá acesso à terceira idade, permitem-me concluir, que os próximos capítulos da vida, vão ser ligeiramente diferentes, daqueles, que conhecemos antes.
Olha esta, Ia tão embalado, que ia esquecendo, ser este um espaço reservado à atualidade desportiva. Assim sendo, lá vou eu bater em ferro frio. Então não é, que as autoridades sanitárias ainda não sabem qual vai ser o epílogo desta pandemia, e já os senhores feudais do futebol, como se de outro mundo se tratasse, lançam-se em reptos e afirmações de perfeitos alienados, como que o futebol se possa sobrepor ao princípio e à necessidade de colocar a vida em primeiro lugar. Veja-se como reagiu a Federação à proposta apresentada pelos clubes do Campeonato de Portugal. Vejam a quantidade de Clubes e Sociedades desportivas a recorrer ao layoff. Onde anda o Secretário de Estado do Desporto? E o Conselho Nacional do Desporto?
Despertem. O vosso mundo está a modificar.