DAR VOZ ÀS MULHERES: IGUALDADE vs EQUIDADE DE GÉNERO

Mais importante do que discutirmos a igualdade de género, é a discussão sobre equidade de género, a igualdade de oportunidades. O princípio da equidade procura o equilíbrio da balança da justiça, reconhecendo as diferenças, vulnerabilidades e necessidades particulares de cada género.
A equidade de género está relacionada com a tentativa de reparação histórica que visa eliminar toda e qualquer discriminação contra a mulher, a fim de estabelecer a igualdade entre homens e mulheres com base no reconhecimento das necessidades e características próprias de cada género, especialmente em relação às desvantagens e vulnerabilidades que as mulheres enfrentam enquanto grupo. 
Assistimos ainda a uma clivagem substancial tanto nos salários, como nos lugares de chefias, quando as mulheres têm cada vez mais habilitações literárias e estão mais bem preparadas, em comparação com os homens. O desemprego afeta muito mais as mulheres do que os homens, veja-se como a Mulher continua a ser pressionada e discriminada no que diz respeito à gravidez em contexto profissional. 
Dizemo-nos uma sociedade cada vez mais avançada, no entanto, todos os anos o número de vítimas por violência doméstica cresce, atingindo sobretudo a Mulher. Mulheres, mães, e filhas são alvo de violência, abusos, repressões, e em inúmeros casos a sociedade não só iliba os agressores, como aponta o dedo às vítimas. Quantas vezes ouvimos o famoso "Ela pôs-se a jeito?", ou o "Estava mesmo a pedi-las!" E aqueles a quem compete a missão de nos proteger, como polícias ou juízes, continuam também a ignorar ou desvalorizar a violência sobre a Mulher, com esses mesmos "Pôs-se a jeito", "Estava a Pedi-las". Vejamos a recente decisão de uma juíza, obrigando o agressor por violência doméstica a fazer um passeio lúdico com a vítima e levá-la a jantar fora. Daria vontade de rir, não fosse a gravidade da situação. Parece irreal, mas aconteceu agora em 2023. E continuará a acontecer. Até quando?