
Como ter tempo útil de jogo?
Zélia Fernandes
2023-09-21O tempo útil de jogo é um dos temas mais discutidos, nos programas onde se debate o futebol em Portugal.
Esta é uma questão, com perspetivas diferentes e da qual discorda quase sempre quem perde as partidas, isto porque quando o nosso clube está em desvantagem, logo acusamos o adversário de “queimar tempo” de “antijogo”. No entanto, quando estamos a vencer e vemos a nossa equipa a alinhar por esse tipo de jogo, vemos a coisa de outra forma, e o que interessa é não perder o jogo.
No início de agosto o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol apresentou instruções dirigidas a árbitros, a jogadores e treinadores, tendo como prioridade o aumento do tempo útil de jogo em 2022/23. “Aumentar o tempo extra por substituição de 30 para 45 segundos, punir mais cedo os guarda-redes por perda de tempo, combater as simulações e obrigar substituídos a deixarem o terreno de jogo pela linha mais próxima”. Tudo isto com o objetivo de melhorar o jogo e o espetáculo, torná-lo mais atrativo para os adeptos, combatendo os tempos mortos.
Com o passar das jornadas, fomos assistindo a jogos com verdadeiros prolongamentos, mostrando que os juízes levavam muito além os conselhos emanados de quem os dirige.
O tempo de compensação foi gerando discussão, até que um Porto – Arouca, com tempo extra recorde, obrigou o Conselho de Arbitragem a uma reunião de urgência, para debater os vários casos, sendo que o tema principal foi o elevado tempo de compensação que tinha sido dado nas partidas.
Pelo tempo de compensação dado nos jogos da jornada 5, o tempo “normal”, percebeu-se que tudo voltou a ser como antes.
Acho que terão de ser os árbitros a ter mão forte nos jogos e eles próprios não contribuírem para tempos mortos, como vemos muitas vezes na avaliação dos lances no videoÁrbitro. Terá de haver bom senso, para que não se passe do oito ao oitenta, ou vice-versa.
Acho que a maioria das situações tem de ser trabalhada dentro das próprias classes, na formação dos jogadores, na forma como os treinadores colocam as suas equipas a jogar e lá está, principalmente na classe da arbitragem, que tem que ter pulso firme para as simulações e perdas de tempo. O resto é cumprir os regulamentos e as leis de jogo.
Sobre este tema, até há quem seja da opinião que se deveria parar o cronómetro, como se faz no basquetebol, ou futsal. Concordo com o presidente da UEFA Aleksander Ceferin, que sobre isso afirmou, que parar o cronómetro de jogo, de forma a aumentar o tempo útil, “significaria que o futebol já não seria futebol”.