Ânimo? Precisamos. Muito.

Fátima Anjos

2021-03-04


Vou “sequestrar” o título da crónica desta semana de Jorge Coelho, professor e consultor de Turismo, na tentativa de transmitir, também eu, algum ânimo, a vocês que nos acompanham sempre.
Não porque o plano que reivindicava há uma semana já tenha sido apresentado aos portugueses ou porque vivamos uma realidade muito diferente de há uma semana atrás. Algum ânimo, porque vão aparecendo alguns sinais que nos podem remeter para alguma retoma à normalidade.
Os números da pandemia no país continuam a descer (em contraciclo com os do desemprego que continuam a subir), embora num ritmo não tão acelerado como desejaríamos, principalmente no que diz respeito aos internamentos em cuidados intensivos, facto que os especialistas têm vindo a justificar com a forma como a doença evolui.
Em Vizela, os números dão-nos ainda mais alento. Esta terça-feira, o Centro de Saúde tinha apenas a seu cargo o acompanhamento de oito casos de infeção por Covid-19. Recuo a 10 de novembro de 2020, para lembrar que os profissionais desta mesma unidade de saúde, que abrange cerca de 32 mil utentes, entre os quais aproximadamente 24 mil são residentes no concelho de Vizela, acompanhavam, naquela altura, 576 casos ativos de Covid-19. A diferença é brutal.  
Isto não quer dizer que devemos baixar a guarda no que concerne à adoção das medidas necessárias e que são conhecidas por todos. Isso a grande maioria já terá percebido e não irá vacilar enquanto perceber que são vidas que estão em jogo.
Mas também não pode querer dizer que perante esta nova realidade tenhamos de continuar emaranhados num confinamento quase total. É preciso pegar na balança e começar a pesar o efeito de cada medida na vida de cada um e depois na vida do coletivo. E tomar decisões, que deverão ser dificílimas, mas que têm de ser tomadas.
Precisamos de algum ânimo, é verdade. E foi isso que também senti nas palavras de Fernando Carvalho, médico e porta-voz do Centro de Saúde de Vizela, um dos profissionais do nosso concelho que se mantém na linha da frente do combate a esta pandemia desde a primeira hora. Falou na existência de 3726 casos de infeção por Covid-19 desde o início da pandemia.
Mas também lembrou o número de vacinados com a primeira toma no Centro de Vacinação de Vizela nas primeiras duas semanas de atividade (cerca de 1 milhar de pessoas). Um número ao qual devem ser somados os profissionais de saúde, utentes e profissionais dos Lares Residenciais e da Unidade de Cuidados Continuados, bem como parte do efetivo dos Bombeiros e da GNR e aos quais também já foi administrada a vacina.
Somando o número de infeções ao número de pessoas às quais já foi administrada, pelo menos, uma dose da vacina, estaremos a falar de mais de 5 mil. Um número que, no entendimento de Fernando Carvalho, poderá começar a surtir em alguma imunidade de grupo, embora, claro está, ainda não suficiente para uma retoma à normalidade. Isso só deverá acontecer quando a vacinação acelerar.

Por isso, precisamos de vacinas, vacinas e mais vacinas. Aí deverá estar a concentração máxima da União Europeia mas também de Portugal.