A Violência continua

Fátima Anjos

2024-11-28


Na última segunda-feira, dia 25 de novembro, assinalou-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres e, política à parte, porque se fez alguma nos últimos dias em torno desta problemática, dizer que não há dúvidas de que ainda há muito a fazer nesta área, mesmo em países como Portugal, que se afirma como um território culturalmente desenvolvido.
Está à vista de todos. Diariamente somos confrontados com a prática de crimes hediondos, a maior parte de índole sexual, sobre mulheres, algumas crianças, outras adolescentes, a maioria adultas, mas até na velhice, as agressões acontecem, muitas das vezes, a partir de casa, dos familiares mais próximos. São as presas mais fáceis de gente que não é gente e que parece estar por todo o lado, a cada esquina e é, por isso, que todo o cuidado é pouco.
Se uns não dominam os impulsos sexuais e são vazios de quaisquer valores ou sentimentos, outros agem por posse, como se as mulheres fossem objetos para servir, exibir e guardar a sete chaves num mundo negro e sufocante. Só esta semana, vejamos. Em Sintra, a PJ deteve um homem de 45 anos acusado de abusar sexualmente da enteada durante quatro anos. Os abusos começaram quando a menina tinha dez  e o suspeito acusa-a de o ter seduzido. Como?!! Já em Amarante, uma jovem foi atacada pelo ex-namorado que lhe derramou ácido no rosto e a deixou desfigurada. O rapaz de 29 anos não aceitou o fim do relacionamento. Porquê?
É preciso proteger e capacitar as vítimas para se libertarem dos agressores, muitas das vezes, para se libertarem a elas e aos filhos. Mas também é preciso investir e muito na mudança de mentalidades.  Continua a ser uma tarefa dificílima e todos nós nos vamos apercebendo, nos diferentes contextos do nosso quotidiano, daquilo que vamos ouvindo, ora com ironia ora tentando roçar o humor (sem sucesso), mas o que ouvimos, muitas vezes, são mulheres a julgarem outras mulheres. Não abrem a porta à diferença e facilmente colocam o rótulo. Mulheres que violam, porque penetram indevidamente o mundo de outras mulheres, os direitos das suas semelhantes.
Habituamo-nos às frases do Bem nas redes socais, mas há muita maldade, caso contrário, o mundo estaria muito melhor.  Isto quando todos somos poucos/ou poucas para eliminar a Violência Contra as Mulheres.