A qualidade dos treinadores portugueses

Hélder Freitas

2020-08-06


Já tinha ficado com muito boa impressão aquando da passagem de Pepa pelo Moreirense e continuei a seguir o seu trabalho com atenção. Gosto da sua maneira de estar no futebol. Sempre muito afável e cordial com a Comunicação Social é das tais pessoas que faz falta ao futebol. Tem tido projectos de trabalho intenso a que tem sabido dar o melhor seguimento. Por esta altura já lhe faz falta um projecto mais arrojado e tudo tem feito para o conseguir. A ver vamos se tal acabará ou não por surgir. Este intróito serviu para pegar nas suas declarações na antevisão do Gil Vicente – Paços de Ferreira em que teceu rasgadíssimos elogios (mais do que merecidos) para com um colega de profissão e adversário no jogo do dia seguinte. Pepa aludiu para o facto de as televisões terem feito directos um dia inteiro sobre a chegada de um treinador a Portugal vindo do Brasil, quando por exemplo Vítor Oliveira, que tem um passado que fala por si, nunca teve visibilidade semelhante quando tudo o fez para justificar. É uma das maiores verdades do futebol português: tantos já fizeram tanto sem visibilidade, mas a imprensa continua com a direção apontada a quem “vende”. Uma pena! Ainda dentro da “página” dos treinadores foi curioso verificar a “troca” de timoneiros nos bancos dos clubes primodivisionários, a chegada de outras e a falta de banco para alguns com provas dadas e com capacidade mais do que suficiente para abraçar qualquer projecto. Ora vejamos, para além do já referido acima Vítor Oliveira, temos Jorge Silas, Ivo Vieira e João Henriques sem clube associado a cerca de 15 dias do início dos trabalhos da maioria das equipas. Dá que pensar como é que gente com tanta qualidade e que já pôs várias equipas a jogar futebol muito positivo não coube em nenhum clube da nossa Liga. Mais a mais se percebermos que existem outros que não têm qualquer prova dada no futebol enquanto treinadores e lá conseguiram o seu lugar. Benditos empresários que “atropelam” uns em detrimento de outros. O futebol é um mundo diferenciado, e cada vez mais “estreito” para tantos treinadores portugueses com qualidade, mas dá a impressão que se quer à força toda encontrar novos Klopps e Guardiolas. Nem todos vão poder fazer como o Braga e vender dois treinadores na mesma época e nem todos vão dar treinador. Dos treinadores acima referidos, todos eles sem excepção caberiam em qualquer equipa do futebol português se a aposta fosse no sentido de ver uma equipa praticar bom futebol, diante de qualquer adversário, em qualquer campo. Mas infelizmente os resultados imediatos, sem se dar tempo ao trabalho, é o que fala mais alto e por isso e também por uma ou outra, todos eles estão sem trabalho, quando vagueio sobre estas linhas. Mais um passo atrás do futebol português quando não se valoriza os que temos com imenso para dar ao futebol “trocando-os” por outros que são uma incógnita. Uma verdadeira pena.