Utentes com mais de 80 anos vacinados até final do mês

Num ano, o Centro de Saúde de Vizela acompanhou 3726 casos de infeção por Covid-19.

Em duas semanas de atividade, o Centro de Vacinação de Vizela providenciou a toma da vacinação contra a Covid-19 a 1098 pessoas, distribuídas pelas Unidades de Saúde Familiar (USF) Novos Rumos (480), Physis (480) e USF de Moreira de Cónegos (138).

Se se mantiver o ritmo atual de chegada de vacinas, Fernando Carvalho, porta-voz do Centro de Saúde de Vizela, acredita que os utentes com mais de 80 anos acompanhados por esta unidade ficarão vacinados até ao final deste mês.

RVJ – Qual é o universo dos utentes do Centro de Saúde de Vizela com mais de 80 anos?

Fernando Carvalho (FC) - Aproximadamente 1500. Não faltarão assim tantas pessoas para vacinar [com mais de 80 anos]. Alguns destes utentes estão nos Lares e já foram vacinados e outros já tiveram Covid e não serão vacinados, pelo menos para já. Estou convencido que se mantivermos este ritmo, teremos todos os utentes com mais de 80 anos vacinados até ao final de março.

RVJ – O universo é maior quando falamos dos utentes com mais de 64 anos e que pertencem ao grupo de risco?

FC – Não. Acaba por ser um universo mais pequeno. As pessoas entre os 50 e os 64 anos e que pertencem ao grupo de risco já foram praticamente todas vacinadas. Agora falta-nos o grupo de pessoas com mais de 65 anos e que também pertencem a este grupo de risco. Algumas são utentes em lares e já estão vacinadas, outras têm mais de 80 anos e são vacinados [pelo critério] da idade e não pela patologia. Penso que será possível fazer a vacinação [deste grupo] em uma ou duas semanas, se se mantiver este ritmo na entrega de vacinas.

Claro que existe alguma revolta entre os utentes entre os 65 e os 79 anos, que eu compreendo e já fiz chegar ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Alto Ave, mas que também não pode fazer nada. Têm doenças graves, como insuficiências cardíacas ou renais e que estão a ver outras pessoas com os mesmos problemas, mas mais novas, a serem vacinadas primeiro. Mas isso só tem a ver com o tipo de vacinas que nós recebemos.

RVJ – Como é gerida a segunda toma da vacinação?

FC – O utente sai do Centro de Vacinação de Vizela com a segunda toma agendada. O que acontece é que hoje surgiu uma nova norma da Direção-Geral da Saúde. Foi alargado em sete dias o prazo entre a toma da primeira e a segunda dose da vacina Pfizer, passando de 21 para 28 dias. Os primeiros que foram vacinados saíram já com a vacina agendada para os 21 dias seguintes mas aqueles que tomarão agora a vacina da Pfizer, só irão tomar a segunda dose 28 dias depois.

RVJ – Mas existe a garantia da chegada de vacinas ao Centro de Saúde nas datas definidas para a administração da segunda dose?

FC – Aquilo que dizemos aos utentes é que se não houver nada em contrário será naquele dia e àquela hora. Mas se, eventualmente, na véspera não tivermos vacinas teremos de lhes comunicar que, infelizmente, a toma foi adiada. Esperamos que isso não aconteça

RVJ – Qual tem sido o feedback dos utentes à chamada para a toma da vacina?

FC - A grande maioria fica muito feliz. Há um ou outro caso, que considero excecionais, que recusa a vacina e um ou outro caso que quer adiar a sua toma, porque foram operados há poucos dias ou porque estiveram internados ou até mesmo porque estão perante uma situação febril ou infeciosa. Há também quem diga que naquele dia não têm quem os traga até ao Centro de Vacinação e pede para adiar para a semana seguinte. Mas todos são casos excecionais, cerca de 1%. Os restantes aceitam, ficam muito satisfeitos e fazem a vacina.

“Se somarmos o número total (3726) de casos positivos acompanhados pelo Centro de Saúde de Vizela desde o início da pandemia ao número de vacinados, penso que já teremos alguma imunidade de grupo”

RVJ – Como é que tem sido estar a trabalhar no Centro de Vacinação?

FC – O primeiro dia foi de muita ansiedade para que tudo corresse bem. Felizmente correu melhor do que o esperado. Aliás, o próprio ACES deu os parabéns pela organização. Passada a ansiedade, trabalhar é ótimo, porque vemos a felicidade dos utentes depois de fazerem a vacina.

RVJ – Mas ainda é muito cedo para que a vacinação possa surtir efeitos positivos na incidência da Covid-19 no concelho de Vizela…

FC – Claro que sim. Ainda não temos um número suficiente de pessoas vacinadas. Mas se somarmos o número total de casos positivos (3726) acompanhados pelo Centro de Saúde de Vizela desde o início da pandemia ao número de vacinados [utentes do Centro de Saúde, profissionais de saúde, parte do efetivo dos Bombeiros e GNR, mais utentes das Estruturas Residenciais para Idosos e Unidade de Cuidados Continuados], penso que já teremos alguma imunidade de grupo. Tivemos muitos casos positivos em Vizela. Infelizmente, o concelho chegou a estar em segundo lugar [número de casos por 100 mil habitantes]. O facto é que este número elevado de casos levou também a que houvesse uma maior sensibilização das pessoas para a necessidade de cumprimento das regras e que, de uma forma geral, têm sido cumpridas. Felizmente que, nesta altura, estamos praticamente sem casos a serem acompanhados pelo Centro de Saúde de Vizela [esta terça-feira eram oito]. Esperamos que as pessoas continuem a cumprir, porque mesmo com a vacina, não estamos livres de aparecer uma variante em Vizela, de um momento para o outro. Daí que temos de continuar com a etiqueta respiratória, o uso da máscara e o distanciamento social.

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