Águas residuais usadas para identificar novos surtos

Esta é uma das conclusões do COVIDETECT.

O COVIDETECT é coordenado pela Águas de Portugal e conta com uma série de entidades parceiras, entre elas a Águas do Norte, a Direção-Geral da Saúde, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

Em resposta por escrito à Rádio Vizela, a Águas do Norte explica que este projeto-piloto tem como objetivo criar um sistema de alerta precoce da presença do vírus SARS-CoV-2, agente etiológico da Covid-19, através da análise de águas residuais e, desta forma, contribuir para melhorar a resposta face a eventuais novos surtos da doença”.

O COVIDETECT teve início em abril de 2020 e chegará ao fim em agosto deste ano. De acordo com a Águas do Norte, este projeto “veio demonstrar que as águas residuais podem ser usadas para identificar precocemente novos surtos da Covid-19 tendo-se confirmado que os dados obtidos para SARS-CoV-2 em águas residuais não tratadas seguiam, de forma bastante ajustada, os novos casos diários reportados para as regiões em que se encontram as ETAR testadas neste estudo”.

“As análises efetuadas a amostras de águas residuais tratadas permitiram detetar nalgumas a presença de material genético de SARS-CoV-2, que se confirmou não ter capacidade infeciosa, ou seja, sem potencial para transmissibilidade ou impacto para o meio recetor”. Por outro lado, refere ainda a Águas do Norte, “os resultados deste projeto de investigação confirmam também o potencial de vigilância genómica nas águas residuais para detetar a emergência de novas mutações e variantes face à vigilância sindrómica/clínica”. “No estudo de sequenciação do genoma de SARS-CoV-2 de amostras selecionadas de águas residuais colhidas no período do estudo, em diferentes fases da epidemia Covid-19 em Portugal, foram detetadas mutações das variantes da Califórnia e da Nigéria, no final de outubro em Lisboa e no início de novembro em Serzedelo, respetivamente”.

 

As ETAR constituem uma barreira na eliminação do material genético ativo de SARS-CoV-2

 

Neste projeto-piloto, foram envolvidas cinco Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) localizadas nos grandes centros urbanos de Guimarães, Gaia, Lisboa e Cascais servindo cerca de 20% do total da população nacional e abrangendo regiões com elevada prevalência da doença. Adicionalmente, monitorizou-se a circulação do vírus nas redes de drenagem dos efluentes do Hospital Senhora da Oliveira, em Guimarães, do Hospital Eduardo Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, e do Hospital Curry Cabral, em Lisboa. No total, foram analisadas 760 amostras de águas residuais, entre 27 de abril e 2 de dezembro de 2020. Para efeitos de comparação dos resultados entre as regiões do país, a ETAR de Serzedelo e o Hospital de Guimarães foram submetidas aos mesmos pressupostos e planos de trabalho que as restantes ETAR do projeto, assinala ainda a Águas do Norte. 

Na resposta ao nosso semanário, a Águas do Norte refere que “as fases seguintes envolvem a disseminação dos resultados e dos modelos desenvolvidos para aplicação mais abrangente noutros sistemas e a criação de um sistema de alerta em tempo real para notificação das autoridades de saúde e ambiente sobre a reemergência do vírus”.

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