O Referendo

Fátima Anjos

2020-01-23


Foi no início desta semana, que a Câmara Municipal de Vizela veio a público anunciar que o Tribunal Constitucional já aprovou a realização de um Referendo sobre o Feriado Municipal. “Concorda em manter a data do feriado municipal de Vizela no dia 19 de março em vez de alterar para o dia 11 de julho”, será a pergunta que será colocada aos vizelenses.Da perceção que vamos tendo no contacto que vamos mantendo com os nossos leitores e ouvintes, parece-nos que os vizelenses estão divididos entre as duas datas, ou seja, nada está decidido à partida. Também se estivesse, talvez a realização deste Referendo nunca tivesse saltado para a agenda política. O facto da realização desta auscultação estar apontada para os meses de março e abril dará alguma vantagem ao 19 de março, porque será nessa altura que será comemorada a passagem dos 22 anos sobre a elevação de Vizela a concelho e as emoções ligadas a esse momento histórico estarão mais à flor da pele.
Mas o resultado poderá também depender do caminho percorrido até essa altura. Ao nível político, ainda não se sabe se as diferentes forças políticas vão assumir publicamente a defesa de uma das datas. Para já, apenas o Movimento Vizela Sempre, através do presidente da Assembleia-Geral, Fernando Carvalho, veio apelar à mobilização dos apoiantes deste movimento no sentido de manter o 19 de março como a data do Feriado Municipal. Mas já em anterior ocasião, e aos microfones da Rádio Vizela, o autarca Victor Hugo Salgado havia referido que, do ponto de vista pessoal, considerava que o Feriado Municipal deveria continuar associado ao dia em que foi aprovada a criação do concelho de Vizela.
Entretanto, outras posições deverão vir a público, nomeadamente dos responsáveis do Partido Socialista, cuja lista à Câmara Municipal de Vizela para as Eleições Autárquicas de 2017, liderada por João Ilídio Costa, fez constar, no seu manifesto, a promessa de realização de um Referendo Municipal. Mais à frente, as restantes forças políticas uniram-se na vontade de realização deste Referendo para que esta discussão se possa fazer de uma vez por todas.
Pessoalmente, já manifestei a minha opinião. Faço-o há 19 anos de profissão, o que vem também demonstrar por quanto tempo este assunto se vem arrastando, e esta, a opinião, ainda não mudou. Alterar a data do Feriado Municipal de Vizela seria como alterar a data de aniversário de qualquer um de nós. Mais do que isso: Seria retirar significado à luta autonómica que tanto esforço e dedicação exigiu aos que nela estiveram envolvidos mas também correríamos o sério risco de hipotecar a nossa memória coletiva. E depois de erguido um Monumento de Homenagem ao Povo de Vizela e colocado um busto em memória de Manuel Campelos, líder do Movimento pela Restauração do Concelho de Vizela, alterar, apenas um ano depois, a data do Feriado Municipal constituiria uma incoerência difícil de justificar até para os que estão para além das fronteiras do nosso território e que nos identificam como um povo que nunca deixou de lutar pela sua independência.
No entanto, do direito de manifestar a opinião, existe também o dever de saber respeitar a daqueles que entendem que 11 de julho será o dia em que Vizela deve comemorar o seu Feriado Municipal e, sobretudo, o dever de respeitar a decisão do coletivo – aquela que será conhecida após a realização do Referendo. Quem vai decidir será o Povo de Vizela!