Editorial 22 de agosto de 2019

Fátima Anjos

2019-08-22


A vida faz-se de momentos de alegria fugazes intercalados com outros mais de profundo emaranhamento no trabalho, num espírito a que damos o nome de sobrevivência mas que, muitas vezes, serve apenas para nos guarnecermos de muito mais do que aquilo que precisamos. E depois, um dia, tudo acaba.

Vamos puxar a fita atrás.

Vizela viveu na última semana momentos de que se pode orgulhar. As Festas da Cidade voltaram a ser um sucesso. Nunca agradarão a todos, mas a verdade é que continuam a atrair à cidade milhares de pessoas com uma programação que faz inveja a algumas populações vizinhas. Os Amor Electro foram uma aposta mais do que ganha. Marisa Liz deu tudo de si no Espaço Multiusos e o público agradeceu, retribuindo. O Cortejo Vizela dos Tempos Idos, embora houvesse quem tivesse notado a ausência dos acordes musicais da Sociedade Filarmónica Vizelense, foi muito bonito. Mais do que isso. Foi a demonstração de que o seu futuro, como escrevemos em manchete, está nas mãos das novas gerações e que têm, nesta participação, a oportunidade de se ligarem ao passado da sua terra e de fazerem despertar no seu espírito o bairrismo que sempre caraterizou os seus pais e avós.

E se dúvidas existissem sobre isso mesmo, estas ter-se-iam dissipado no dia seguinte, com a eleição do Bolinhol como representante do distrito no Concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal. É caso para dizer que Vizela é Vizela e que poucos existirão com esta garra a defender o que é seu. Pena é que não o sejamos também em outras causas, onde a política e os clubismos constroem muros difíceis de derrubar. Se assim não fosse, imaginemos como poderíamos chegar mais longe. Potencial não nos falta e é isso que, com certeza, iremos demonstrar este sábado, até porque queremos o nosso Bolinhol na final. Uma oportunidade única para promover Vizela!

Chegada ao fim uma semana de alegria para Vizela, eis que somos assombrados pelo desaparecimento inesperado de Salvador Teixeira. Que não haja dúvidas sobre como o Vale do Vizela ficou mais pobre com a sua partida. O seu crescimento na indústria do calçado permitiu-lhe estar ao lado de várias instituições da região, ajudando-as no desenvolvimento de vários projetos. “Não sabia dizer que não”, contam aqueles que o conheciam de perto. Oiço muitas vezes dizer que “há quem ajude porque pode”, mas não é assim, porque, em primeiro lugar, “todos nós podemos ajudar na medida das nossas possibilidades” e, principalmente, porque “há também quem possa e não ajude”.

O Vale do Vizela vai sentir a falta de Salvador Teixeira e a sua morte serviu para nos lembrar, mais uma vez que, “um dia, tudo acaba” e, às vezes, “acaba mais depressa do que possamos imaginar”.

Por isso, e puxando agora a fita à frente, tentemos perdurar os momentos de alegria em união com os nossos e com a nossa comunidade de forma a que nossa vida, mais curta ou mais longa, possa fazer sentido e que um dia da nossa memória não sobrem apenas fotografias no fundo de uma gaveta.

Boas férias. Bom descanso. O RVJornal regressará às bancas a 12 de setembro.