Editorial 06 de dezembro de 2018

Fátima Anjos

2018-12-06


Foi esta semana apresentado o projeto de requalificação da Praça da República e do Jardim Manuel Faria, cujas maquetes lhe damos a conhecer na manchete deste jornal. 
É fácil perceber que o mesmo representará uma alteração significativa do centro da nossa cidade, há muito ambicionada e também há muito necessária. Hoje o coração de Vizela encontra-se estrangulado pela circulação automóvel.  O estacionamento não é organizado, o comércio não dispõe da visibilidade adequada e aqueles que são os nossos elementos identitários perdem-se num espaço que precisa efetivamente de respirar.

Quando na última terça-feira, o presidente da Câmara Municipal de Vizela apresentou o projeto que está agora sobre a mesa deverá tê-lo feito ciente da impossibilidade do mesmo ir ao encontro de todas as expetativas. Podemos dar o exemplo prático da cidade de Guimarães que, há alguns anos atrás, procedeu a uma reformulação profunda do Largo de Toural e sobre a qual se levantaram, na altura, várias vozes discordantes.
Por isso mesmo, Victor Hugo Salgado, consciente do peso que a execução deste projeto terá neste seu mandato, decidiu abrir a sua discussão à comunidade, que agora poderá expressar a sua opinião, depois da sua consulta na Loja Interativa de Turismo.
Daí que este seja o momento de olharmos e de tentarmos perceber o significado da transformação proposta. Em primeiro lugar, perceber se esta preserva a história e a identidade deste concelho, depois, se é eficaz, em termos de mobilidade, e depois se é também atraente, não só para nós, vizelenses, que temos o direito de desfrutar da nossa cidade, mas, também, para aqueles que nos virão a visitar.

Sabemos que a decisão final caberá ao atual Executivo. Foi para isso que foi mandatado. Mas também é um facto de que esta proposta de democracia participativa poderá representar ganhos importantes para um projeto que dirá muito aos vizelenses.
Ainda esta semana, e porque os artigos de opinião não servem apenas para apontar defeitos, salientar pela positiva a aposta realizada no Natal como produto turístico para o concelho de Vizela assente na realização de várias parcerias, o que possibilitará a que os trabalhos sejam distribuídos mas também os seus resultados. Além disso, os nossos comerciantes também já mereciam!

Não me despedir sem antes dar uma palavra de conforto à família de António Alves Pinto, que eu conheci aos meus 18 anos na redação do então “Notícias de Vizela”. A sua paixão pela cultura popular transformada em poesia era contagiante, principalmente, pela forma peculiar com que passou por este mundo. Na minha secretária, na altura, deixou um exemplar de cada uma das suas obras (e eram muitos) e que agora observo, com saudade. Até um dia!