Eduardo Guimarães:“Houve contratações de qualidade duvidosa"

"Vizela é assim e luta até ao fim não pode ser apenas conversa, tem de ser mesmo", diz presidente do FC Vizela

Durante a Assembleia Geral do FC Vizela, da última sexta-feira, Eduardo Guimarães apontou os dedos à política de contratações da SAD, quer jogadores, quer treinadores. Em entrevista à Rádio Vizela no final da sessão e ainda antes da derrota com o Chaves, reforçou essa opinião e explicou porque deixou de ir ao Estádio do clube para assistir aos jogos.

 

 

Satisfeito pela sua direção voltar a apresentar Contas positivas?

Já tem sido o habitual dos últimos anos, desde que o FC Vizela tem estas parcerias com as SADs consegue resolver muitos problemas, pois tem outro tipo de receitas. Os resultados têm sido positivos, o que nos leva a dizer que nos próximos anos teremos a situação do FC Vizela resolvida, quer em termos da divida, quer em termos de capitais próprios positivos. Estamos no bom caminho quanto às Contas.

 

Poderá vir um período de incerteza para o clube, se a equipa principal descer de divisão…

Essa é uma das coisas que não controlamos. Nós as Contas conseguimos controlar, porque é a nossa área já o resto, os outros problemas são mais complicados. Tenho a minha opinião, os problemas das equipas resolvem-se é nas contratações, antes do início do campeonato e depois em janeiro. Quem contrata bons jogadores e bons treinadores tem mais possibilidades de chegar aos objetivos. Este ano verificamos que houve muitas contratações de qualidade duvidosa, não quer dizer que não sejam jogadores bons jogadores, mas como eu costumo dizer não são jogadores competitivos, para a 1ª Liga do futebol português, tirando algumas exceções. É claro que isso depois se reflete no resultado. Independentemente disso, há o talento e há o empenho, mesmo que não haja talento, se houver um empenho forte as coisas também podem ser conseguidas.

 

Porque decidiu deixar de ir ver os jogos no Estádio?

Eu decidi deixar de ir ao Estádio por divergências que tive em duas reuniões com o Diretor Desportivo, o Toni Dovale. Disse-lhe que não concordava com a vinda de dois treinadores estrangeiros. O que lhe disse em dezembro veio a acontecer, ou seja que não ia resultar esta troca de treinador, até porque os resultados são mais negativos. Depois na altura das contratações foi outra reunião em que me chateei com ele, porque colocar reforços e passar a sofrer tantos golos a culpa é do treinador ou do setor defensivo. Vieram reforços, mas a equipa ainda ficou mais fraca no meio-campo e defensivamente. Disse-lhe que assim não conseguiríamos, que eram más decisões que poderiam levar o Vizela para o abismo, infelizmente tenho tido razão.

 

Considera que as decisões enfraqueceram a equipa?

As decisões deram cabo do balneário, os jogadores que saíram das convocatórias, jogadores que foram dispensados. Tudo isso mexeu com a equipa, com o que era mais forte no FC Vizela, que era o ambiente de balneário e a união dos jogadores. Nessa altura disse não ao diretor desportivo que não lhe perdoava e decidi que não iria mais aos jogos.

 

 

“Podia ter comunicado aos sócios porque não ia aos jogos, mas não sou incendiário”

Porque decidiu não prestar declarações nesta altura e dizer aos sócios as razões do seu afastamento?

Podia ter comunicado aos sócios porque não ia aos jogos, mas não sou incendiário, sou mais de apaziguar e afastei-me, pura e simplesmente deixei de vir aos jogos.  Já o fiz em outra ocasião, na altura da pandemia e quando o Vizela subiu de divisão, eu ia sempre ver os jogos com quatro amigos no meu carro, quando só podiam ir dois, eu disse ou vamos todos ou não vai ninguém. Não ia aos jogos e o Vizela subiu na mesma.

 

Se o Vizela descer não se vai sentir culpado por não ir aos jogos?

Não, não me sinto nada culpado, não é pelo facto de estar lá o presidente que o Vizela ganha ou perde os jogos. De qualquer forma e atendendo a que nesta assembleia se pediu para que todos estivessem nos jogos eu vou relevar e vou voltar aos jogos. Mas se fosse pelas presenças o Vizela ganhava sempre. Não é isto que define o alcance dos objetivos, mas sim as boas contratações, jogadores e técnicos de qualidade e competência. Isso é que define.

 

É portador da moção de censura apresentada por um sócio, assim como o pedido de demissão do Rúben de la Barrera. Vai entregar à SAD esse documento?

Sim, irei entregar e até pedi ao associado Victor Hugo Salgado se podia acrescentar, que não venha mais um treinador que não conheça o futebol português e o plantel do FC Vizela. Tem de ser um treinador que esteja habituado ao nosso futebol, para ver se ainda resulta. Entretanto, vou entregar este documento ao presidente da SAD para ver se isto terá algum efeito, espero que sem e que o Vizela se safe.

 

Esse pedido traduz a vontade da maioria dos associados?

Tem de ser, porque os resultados que este treinador apresenta são ainda mais fracos do que o anterior. As contas estão à vista, os pontos, os golos sofridos e o que é certo é que este treinador não resultou, como de resto eu previra.

 

O cenário é cada vez mais difícil…

Vizela é assim e luta até ao fim não pode ser apenas conversa, tem de ser mesmo. Eu já senti isto quando o Vizela desceu da 2ª Liga para o Campeonato Nacional de Seniores e sei que o apoio do público é fundamental. Não podemos quando sofremos um golo começar a assobiar e a protestar, porque os jogadores quando não sentem a confiança dos adeptos não conseguem jogar. O que peço é um apoio constante, porque assim é que conseguiremos os objetivos. No futebol tudo é possível e temos de acreditar até ao fim.  

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